História dos Desbravadores

UMA ETERNA AVENTURA

HISTÓRICO CLUBE DOS DESBRAVADORES

50 anos de história

Até o início do século XX faltava à juventude adventista um bem dirigido programa de atividades designadas especificamente para suprir as suas necessidades, uma situação na qual os líderes denominacionais na Associação Geral, União e Associações locais pareciam despercebidos.

Em vista de que eles queriam estar mais preocupados com o evangelismo, os próprios jovens e alguns leigos adultos iniciaram a Sociedade dos Missionários Voluntários e ao Clube dos Desbravadores que se tornaram os maiores programas da denominação.

O Programa Missionário Voluntário que foi adotado na Conferência Geral em 1907 era basicamente espiritual e, por conseguinte satisfazia somente parcialmente as necessidades dos jovens.

Alguns meninos adventistas desejaram unir-se aos escoteiros que se estabeleceram em 1910, mas enfrentaram problemas já que as atividades dos escoteiros conflitavam com as crenças adventistas e as práticas adventistas, incluindo o culto do sábado, ida ao cinema, a danças, a dieta e atividades missionárias.

A juventude adventista, por conseguinte, necessitava alguma organização que pudesse prover atividades espirituais e seculares ao mesmo tempo.

Respondendo a esta situação, o Departamento dos Missionários Voluntários expandiu seu programa numa tentativa para prover treino físico, mental, social e técnico através das Classes Progressivas, das Especialidades e de Acampamentos.

As Classes Progressivas, agora Classes JA, ofereciam instrução religiosa, estudo da natureza, e aquisição de novas técnicas. A Associação Geral adotou os nomes de Amigo, Companheiro e Guia para as classes em 1922. O menino ou menina com dez anos de idade, ou na quinta série, podia tornar-se Amigo. Completando os requisitos, ele participaria num serviço de investidura, numa cerimônia especial, na qual aqueles que passaram no teste eram investidos e recebiam os seus distintivos, certificados e também comendas aos distintivos das especialidades.

Os meninos e as meninas conseguiam ou ganhavam especialidade JA em muitos campos diferentes enquanto trabalhavam para cumprir os requisitos das classes. C. Lester Bond, secretário do Departamento de Jovens da Associação Geral, obteve a permissão do líder dos escoteiros para usar algumas das idéias e materiais ao ele preparar a especialidade em 1928.

Alguns líderes da igreja o acusaram conseqüentemente de trazer o mundo para dentro da igreja. No entanto, Bond incorporou idéias dos escoteiros e materiais num programa dos Missionários Voluntários Juvenis.

Por volta desse tempo a denominação temendo que um acampamento de verão não adventista pudesse trazer uma influência negativa sobre os jovens adventistas, organizou seus próprios acampamentos de verão. O primeiro foi organizado na cidade de Lina Lake, Michigan, em 1926.

Através dessas iniciativas dos líderes dos jovens, incorporavam atividades seculares no programa jovem, mas a Sociedade dos Missionários Voluntários da Igreja e a Escola da igreja local, as quais eram responsáveis para implementar o programa, continuavam a dar ênfase aos elementos espirituais.

A Sociedade dos Missionários Voluntários se reunia aos sábados e limitava as suas atividades às que eram apropriadas para o sábado. Raramente planejavam atividades seculares, exceto sociais para o Sábado à noite na igreja ou uma excursão ocasional. Os meninos e as meninas, por conseguinte necessitavam de um programa efetivo centralizado na igreja que pudesse provê-los com oportunidades para explorar, para experimentar e desenvolver técnicas enquanto ao mesmo tempo os levava a uma sincera entrega para a vida cristã.

Uma história não documentada intitulada “Fora da Janela” apareceu no Departamento dos Missionários Voluntários para mostrar como a juventude adventista anelava por mais atenção por parte da igreja. Conta-nos que os meninos Don e Bert se uniram aos meninos da vizinhança no parque numa noite enquanto seus pais estavam fazendo uma festa na casa de Don. Os meninos foram para a casa e cautelosamente olharam através da janela para ver o que estava acontecendo, sentindo-se negligenciados e desejando também participar da festa. Eles tinham esperança de organizarem um clube e pediram ao pai de Bert por ajuda, mas ele estava muito ocupado e recomendou que eles pedissem ao Sr. Miller, professor da escola. Ele também estava muito ocupado. Os meninos ainda estavam procurando alguém para ajudá-los naquela noite, e um menino disse: se nossos pais têm tempo para as suas festas, eu penso que eles deveriam ter tempo para ajudar-nos.

Em resposta à sugestão e Bill, os meninos esvaziaram os pneus de todos os carros que estavam estacionados perto da casa e se esconderam no mato. Descobrindo que seus carros tinham os pneus vazios, os pais chamaram a polícia para pegar os gangsters que haviam se comportado daquela maneira e como uma afronta à sociedade, deviam ser detidos.

Imaginem quão chocados eles ficaram quando os “vagabundos” foram identificados. Numa seção da corte juvenil, no dia seguinte, o juiz Simpsom descobriu que os pais dos meninos estavam muito ocupados para atender os seus filhos e que a igreja não tinha suficientes atividades recreativas para eles. Repreendeu o pai de Bert e o pastor da igreja por serem delinqüentes e mencionou que era tempo dos pais e da igreja se despertarem de sua letargia e planejassem um programa positivo para os jovens.

No esforço para satisfazer as necessidades da juventude adventista, alguns membros da igreja começaram a organizar para eles no início de 1911, mas não desenvolveram um programa unificado. A Associação Geral também não tentou organizar clube nem endossar o estabelecimento de um clube até meados do século XX. Clubes experimentais incluindo Woodland Clan, os Escoteiros Missionários, os Índios Takoma e os Pals, surgiram em Takoma Park, Maryland.

Influenciados pelos escoteiros, Harold Lewis, que começou os Pals, incorporou algumas de suas idéias, incluindo excursões e acampamentos e um clube. Pouco é conhecido acerca desses clubes, exceto que eles não estendiam a oportunidade para as meninas. Poucos anos mais tarde, Newton Robinson, diretor do Currículo Normal do Union College, Lincoln, Nebraska, decidiu experimentar com um programa revisado do Departamento dos Missionários Voluntários. Ele começou o clube chamado Boy Pals com jogos, excursões, fogueiras, trabalhos manuais e habilidades, recomendadas pelos líderes MV. Mas não havia nenhuma evidência que o clube de Robinson tinha algum significado permanente.

Em 1919, entretanto, Arthur Spalding, editor do Watchman Magazine, aventurou-se numa atividade similar do sul. Ele começou um clube chamado os Escoteiros Missionários em seu lar em Madison, Tenessee, para seus dois filhos, Ronald e Winfred, e alguns de seus amigos, em resposta ao seu desejo de unirem-se aos escoteiros da América.

A idéia, em realidade, originou-se com Winfred, que pediu, ao estar passando por um acampamento de escoteiros com seu pai e seu irmão, sábado à tarde, que lhes permitisse acampar. A sugestão fez tal impressão sobre Arthur Spalding que ele começou a pensar em organizar um clube para meninos adventistas. Ele estudou a organização e os regulamentos dos escoteiros, fez alguma revisão e formulou novas diretrizes, as quais ele pensou se adaptariam melhor para uma organização de jovens adventistas. Depois de algum tempo, num domingo na primavera, enquanto Spalding e seus filhos estavam trabalhando no jardim, Ronald expressou o desejo de ir acampar. Por esta ocasião Spalding agiu prontamente. Juntos, naquela tarde fizeram planos para um clube e decidiram que meninos convidar.

Na sexta-feira seguinte, foram acampar e usufruíram de um fim de semana fazendo excursões no verão. Atividades adicionais do clube incluíam trabalhos manuais, trabalhos em madeira, e seguimento de pista. O clube de Spalding desenvolveu os regulamentos e idéias que foram fundamentos para o moderno clube de desbravadores. O clube adotou o Voto e a Lei, que formava a base para aqueles usados pelos missionários, pela Sociedade dos Missionários Voluntários Juvenis e os desbravadores.

Que Spalding adotou idéias dos escoteiros é evidente na similaridade entre o voto JA e a Lei dos Escoteiros e a Promessa e Lei achada no Manual dos Escoteiro Mestre. Ambos os votos requerem dos jovens que trabalhem para Deus e para o homem, que mantenham altos padrões morais e que guardem a lei do clube. Ambos os conjuntos de Lei incluem qualidades que devem ser imitadas: obediência, veracidades, cortesia, lealdade, alegria, respeito, amizade e reverência. Através da Lei e do Voto do seu clube, Spalding em contraste com os líderes de outros clubes, contribuiu para alguma coisa de significado permanente.

Uma série de eventos que começou na Califórnia no fim de 1920, levou ao desenvolvimento do primeiro clube a usar o nome de Desbravador. John Mckim que cuidava de uma escola pública, e era um experimentado escoteiro, pensou que os meninos e as meninas da igreja Adventista do Sétimo Dia de Santa Ana necessitavam de um programa com atividade similar àquela dos escoteiros. Ele reconheceu que os jovens adventistas que se uniram aos escoteiros que conflitavam com algumas doutrinas e práticas da igreja adventista. Ele, por sua vez, organizou os meninos da Igreja de Santa Ana num clube, mas reunia em Anaheim, no condado de Orange, onde ele vivia. As meninas, mais tarde, tornaram-se membros do clube, supervisionadas pela esposa de Mckim.

Em 1930, outro clube para meninos da igreja de Santa Ana, surgiu sob a liderança do Dr. Theron Johnston. Ele se encontrava com os juvenis no porão de sua casa em Santa Ana, ensinando-os técnicas de rádio e eletrônica. Sua filha Maurine tinha ajudado com rádio e protestou quando não lhe foi permitido entrar no clube. Como resultado sua mãe começou o clube para meninas, que se reuniram no porão.

Os clubes de Mckim e Johnston se encontravam uma vez por mês no lar de Johnston para reuniões em conjunto e iam acampar, faziam excursões cada 3 meses. Os membros do clube também se uniram ao coral juvenil do condado de Orange, que era dirigido pela Sra. Mckim e cantavam nas reuniões evangelísticas. Eles também se reuniam regularmente, num dia de semana, aprendendo técnicas e estudando a natureza ao estar cumprindo os requisitos de Amigo, Companheiro e Guia. Seu uniforme era apenas uma camisa especial.

Ambos os clubes usaram o nome de Desbravadores, escolhidos por Mckim. Não há certeza onde é que ele obteve aquele nome, porquanto provavelmente aprendeu em 1928 no primeiro acampamento pela Associação do Sudeste da Califórnia.

Um dos oficiais da Associação no acampamento contou-lhe a história de John Fremont, um explorador americano ao qual se referiu como desbravador. Mckim podia ter ouvido então o nome e decidiu usá-lo para seu clube que foi formado no ano seguinte.

Mesmo formado para os jovens de Santa Ana, os clubes não receberam o reconhecimento e apoio dos membros da igreja que argumentava que eles não necessitavam de um clube secular para os jovens e nem desejavam escoteiros ou escoteiras na igreja. Eles acusaram Mckim e Johnston de trazer o mundo para a igreja e os ameaçaram e discipliná-los, desligá-los da igreja se eles não abandonassem os clubes. C. Lester Bond, diretor associado dos jovens para a Associação Geral e outros também temiam que o nome Desbravador pudesse substituir o nome religioso: Missionários Voluntários.

Não desejando que atividades seculares tomassem lugar das espirituais, eles desencorajaram o uso do nome Desbravador e a idéia de um clube secular. A despeito dos esforços que Mckim e Johnston fizeram, ambos os clubes cessaram de existir depois de 1936, mas a idéia de desbravar sobreviveu e os clubes de Santa Ana permaneceram como precursores dos clubes de desbravadores na Califórnia em particular e na América do Norte e no mundo em geral.

A Associação do Sudeste da Califórnia continuou usando o termo Desbravador. Ela chamou o acampamento que estabeleceu em Idyllwild, em 1930, de Acampamento do Desbravador MV, evidentemente por causa do relacionamento entre seu programa e aqueles dos clubes de desbravadores de Santa Ana. Lawrence Skinner, pastor adventista, continuou mais tarde a idéia de desbravador quando ele organizou o primeiro clube permanente em Glendale, em 1937. Lawrence Paulson, um empregado do Hospital de Glendale, assumiu a liderança do clube em 1939, 1940, e sob sua guia o clube começou a crescer.

O Curso de Formação de Socorrista-Padioleiro era muito forte então e parecia tempo apropriado para os desbravadores crescerem, diz Skinner. O clube incorporou a ordem unida e marcha praticada pelos socorristas-padioleiros em seu programa e usava membros dos socorristas-padioleiros para ensinar os desbravadores.

Na década de 40, os clubes dos desbravadores cresceram através da América do Norte, alguns começaram na Califórnia, o centro das atividades dos Desbravadores, e outros começaram no noroeste do Pacífico.

Em 1944, Skinner foi para a União do Pacífico Norte como Diretor de Jovens e estimulou o interesse no clube de desbravadores, mesmo que não tivesse por si mesmo iniciado nenhum clube.

Em vista de que a Associação Geral ainda se opunha à criação dos desbravadores, Skinner decidiu chamar os novos clubes de “Trailblazer” (pioneiro, bandeira, que abre caminho); um destes clubes envolvia meninos e meninas de 10 a 15 anos de idade. Seu programa era similar ao programa dos clubes de desbravadores, hoje, incluindo as Classes JA e Especialidades, investidura, acampamento, cozinha, excursões, seguimento de pista, estudo da natureza, nós, primeiros socorros, e assim por diante. Os membros tinham um uniforme verde selva, que usaram no dia do MV Trailblazer.

A idéia do Trailblazer se espalhou pela Califórnia também onde Ben Mattison, diretor de jovens da Associação começou um clube na Associação do Norte da Califórnia. Antes da organização de Mattison, entretanto, o primeiro clube patrocinado pela Associação se desenvolveu em Riverside, 1946, sob a direção de John Hancock, diretor de jovens da Associação do Sudeste da Califórnia.

Logo depois que Hancock voltou do acampamento de verão daquele ano, uma mãe de um dos acampantes o visitou expressando o desejo de que o acampamento tivesse duração de um ano. Quando perguntada por que, ela explicou que seu filho tinha recebido uma grande bênção durante o acampamento de verão. A conversação impressionou Hancock a começar uma organização que tivesse um efeito similar sobre os jovens através do ano. Hancock sabia dos desbravadores em Santa Ana e do Trailblazers e ele decidiu organizar um clube similar.

Francis Hunt, um estudante do La Sierra College e sua esposa serviram como os primeiros diretores do clube e Orva Ackerman foi uma das conselheiras. O grupo começou com 15 membros que com seus líderes se reuniam no lar dos Hancocks. O estabelecimento deste clube patrocinado pela Associação marcou um importante passo na história do desbravador, em vista de que a Associação tinha se unido com a igreja local para ajudar a cumprir a missão da igreja à sua juventude.

No mesmo ano, Skinner, ardente advogado de tais grupos, tornou-se Diretor Associado da Associação Geral. Naquele tempo J. R. Nelson servia como Diretor de Jovens da União Pacífico na qual existiam os clubes de desbravadores. A presença de Paulson na igreja de Glendale, Mattison e Hancock na Associação local, Nelson na União e Skinner na Conferência Geral estabeleceram um ponto para o desenvolvimento e adoção de um programa unificado para os desbravadores.

Também em 1946, Hancock acrescentou um novo item no clube de desbravadores desenhando o emblema do desbravador. Os 3 lados do emblema representam o desenvolvimento físico, mental e espiritual dos jovens. A espada representa o espírito Santo, e o escudo a fé. Juntos ele indicavam que o clube era uma organização espiritual, relacionada com a igreja. O ano de 1946 foi um ano chave na história do movimento dos desbravadores.

No ano seguinte, o Departamento de Jovens da Associação Geral pediu a União Pacífico para desenvolver um programa unificado dos desbravadores. Dirigidos por Nelson, uma comissão de diretores de jovens da Associação local e alguns leigos, incluindo Paulson, começaram a trabalhar o programa. A sugestão de Paulson, que um livro de registro fosse providenciado para o resultado dos desbravadores, na publicação dos livros de registros dos Missionários Voluntários designados para permitir um acurado relatório do trabalho feito no clube de Desbravadores e nas Classes MV. A comissão levou vários anos para organizar o programa e naquele tempo os clubes ganhavam novos feitios.

Henry Bergh, diretor de jovens da Associação Central da Califórnia, desenhou a bandeira dos desbravadores em 1948. Os quadrados azuis significando lealdade e coragem enquanto dois quadrados brancos representando a pureza. O emblema dos desbravadores, que se encontra no meio da bandeira, colocava uma interpretação diferente daquela dada por Hancock. A espada representava a Palavra de Deus e o escudo a Verdade.

Além de adquirir novas feições, os Clubes de Desbravadores da Califórnia começaram a se multiplicar. Motivados pelas atividades do grupo de Don Palmer em Loma Linda e pelo seu desejo pessoal de trabalhar com os jovens, Mervyn Maxwell, um pastor, juntamente com sua esposa, estabeleceram um clube na igreja de Alturas no norte da Califórnia, em 19949. Os Maxwell dirigiram as reuniões do clube em seu lar e permitiram que os estudantes de música da Sra. Maxwell que não eram adventistas se unissem. Eles chamaram o clube de O Pentáculo. Os membros adotavam a ordem da “água fria” significando que eles mostravam bondade de maneira prática.

Em um ano, os membros do clube trabalharam nas especialidades MV, incluindo fotografia, trabalhos em couro, cozinha e ciclismo, completando os requisitos de Amigo e Companheiro, saíram em excursões e participaram em cerimônia de investidura. Numa dessas excursões eles descobriram um rio gelado numa caverna vulcânica. Assistido pelo irmão Lawrence, Mervyn Maxwell dirigiu a cerimônia de investidura com a permissão de Glen Filman, diretor de jovens da Associação, que teria de viajar 500 milhas para chegar a Alturas. Apesar de pequeno, o clube estava tendo êxito.

Em 1950, Lawrence Maxwell, com a ajuda de Janie Pryce, uma professora, organizou os índios Napa, no norte da Califórnia. Eles dividiram os meninos e as meninas em unidades que se reuniam separadamente em lares diferentes, mas que tinham reuniões juntas uma vez em algumas semanas. Em vista de que algumas unidades não estavam tendo êxito, Maxwell eventualmente abandonou a idéia de permitir que as unidades se reunissem separadamente e trouxe todos os 50 ou 60 jovens para uma reunião em conjunto. Os membros fizeram uniformes especiais de um tecido cinzento fabricado em Napa.

À medida que esses novos clubes se desenvolviam, a comissão de Nelson completou seu trabalho e apresentou o programa que tinha desenvolvido para o Departamento de Jovens da Associação Geral. Em 24 de agosto de 1950, a comissão da Associação Geral oficialmente reconheceu o programa do Clube de Desbravadores. Ela aprovou um folheto que devia ser usado como guia na organização de clubes. Também recomendou que as reuniões fossem semanalmente, ou uma vez a cada duas semanas, num dia de semana, e que as atividades incluíssem excursões, acampamentos, hobbies e recreação.

É significativo que somente quatro anos antes Skinner tinha se tornado diretor Associado do Departamento de Jovens da Associação Geral, tivesse feito uma importante decisão de interesse para a juventude adventista. Os líderes tinham finalmente reconhecido que os Desbravadores ajudariam os meninos e as meninas a se tornarem bons cristãos e que o clube animaria o uso das classes MV e o nome Missionário Voluntário. A visita dos líderes dos Escoteiros Nacional ao escritório da Associação Geral em 1949, pode também ter influenciado os líderes da igreja a desenvolverem seu próprio clube. Quando os adventistas se recusaram aceitar o convite dos líderes dos escoteiros para unir-se à sua organização, os escoteiros observaram que a denominação não tinha os recursos para executar um programa de êxito. Os líderes da igreja podem ter tomado este comentário como um desafio.

A Associação geral continuou a ver os desbravadores com reservas, apesar disso. Em vista de que ainda se temia que o clube pudesse superar a Sociedade dos Missionários Voluntários, a Associação Geral apresentou o Clube de desbravadores como um programa da Sociedade MV que reconhecia a necessidade física, mental, social e espiritual dos meninos e meninas de 10 a 15 anos de idade.

O Clube adotou o Voto e a Lei, os clubes de leitura, o ano bíblico juvenil, a devoção matinal, as especialidades MV, cerimônia de investidura, e as classes MV do programa dos juvenis. Também, em 1950, a Associação Geral mudou o nome da classe Camarada para Guia, por causa da associação do termo “camarada” com o comunismo. Em 1956, o Departamento de Jovens inseriu a classe de Pesquisadores entre a classe de Companheiro e Guia, e a Pioneiro que foi acrescentada entre Pesquisado e Guia, em 1966.

Em adição às feições adotadas do programa dos Missionários Voluntários, o clube de desbravadores introduziu nova ênfase para ampliar o seu apelo. Instituiu o Sistema de Mérito através do qual recompensa os membros do clube por realizações especiais, oferecendo o distintivo de Excelência, Reconhecimento e Boa Conduta. O sistema de mérito animava o desenvolvimento de traços tais como: autocontrole, iniciativa individual, esportividade, trabalho em equipe e respeito pelos direitos e trabalhos dos outros. Também, um clube de desbravadores podia ganhar um cert5ificado de realização anual no qual a Associação local recompensava os clubes que tivessem cumprido determinados requisitos.

A ordem unida e a marcha tornaram-se uma parte importante do programa dos desbravadores.

À medida que eles tentavam cumprir os requisitos, os clubes solicitam a presença dos pais, e de outros adultos que mostravam interesse em suas atividades. Através do auxílio de pais de desbravadores, adultos se envolveram nas atividades dos jovens, ajudando a levantar fundos para os projetos do clube, e também a compartir suas técnicas com os meninos e as meninas.

O resultado de seu trabalho incluía vários trabalhos manuais e de artesanato, que eram mostrados em feiras especiais. A feira dos desbravadores, uma ocasião festiva anual para os clubes dos desbravadores, começou em 1951. Ela era o clímax do programa do ano e provia às crianças a oportunidade de participarem em várias atividades e mostrar o que tinham feito durante o ano. Cada unidade do clube observava o que os outros clubes fizeram e se beneficiavam com o intercâmbio de idéias. Os Índios Napa realizaram a primeira feira de que se tem relato no Ambulatório da Escola de 1º Grau em Santa Helena, Califórnia, em 1951, mas somente os membros daquele clube participaram. O Oregon organizou sua primeira feira no Ginásio Eugene, apresentando demonstrações de ordem unida, cinco eventos ao ar livre, incluindo salto em extensão, armação de barracas, lançamento do sapato, queima do barbante, revezamento e priva de velocidade para atar nós.

Reconhecendo a necessidade de liderança qualificada para afetivamente implementar o programa de desbravadores, o Departamento de Jovens da Associação Geral publicou em 1951 o curso de Treinamento para Diretoria, editado por Lawrence Skinner, John Hancock e Lee Carter. O curso incluía treinos sobre a psicologia da adolescência, liderança de recreações, projetos da natureza, artesanato, acampamento, ordem unida e jogos. O Departamento expandiu os programas de treino, fazendo-o mais compreensíveis em 1962. Para ajudar os diretores de clubes e conselheiros a entender o programa total de desbravadores, o Departamento, alguns anos depois, publicou um novo e atualizado trabalho chamado Manual da Diretoria de Desbravadores.

Uma música, “Desbravadores”, escrita por Henry Berg apareceu em 1952, como uma marca acrescentada para identificar os desbravadores:

Nós somos os desbravadores,

Os servos do Rei dos reis!

Sempre avante, assim, marchamos,

Fiéis às Suas leis.

Devemos ao mundo anunciar

As novas da salvação:

Que Cristo virá em breve

Dar o galardão.

A ênfase espiritual deste hino também apareceu nas atividades dos desbravadores. No mesmo ano, 1952, os clubes de Wisconsin participaram num programa na noite de Halloween, reunido, coletando latas de alimentos que eles distribuíram entre os pobres. A atividade tornou-se um evento anual para os desbravadores através da América do Norte. Mais de 125 meninos e meninas participaram do programa na cidade de Nova York, em 1953, saudando as pessoas das casas com a seguinte cantiga:

“Hoje é a noite do “Travessuras ou gostosuras“*,

Mas não é esta a razão pela qual estamos aqui.

Gostaríamos de algum alimento enlatado para os pobres,

dando-lhes a oportunidade de um Dia de Ação de Graças feliz”.

*Trick or treat”

Enquanto coletavam os alimentos, os desbravadores ofereciam literatura adventista, incluindo Sinais dos Tempos, Guide, a Mocidade e Estes Tempos, para as pessoas e um folheto que apresentava os desbravadores e convidava o leitor a se inscrever num curso de correspondência bíblica.

A natureza religiosa do clube também apareceu em, seu programa “Compartilhe Tua Fé”. Aos meninos e meninas estudarem a Bíblia a desenvolverem um íntimo relacionamento com Jesus Cristo e a igreja, eles partilhavam suas experiências com outros e os animavam a aceitarem a Jesus também. Alguns desbravadores conduziram reuniões evangelísticas, testemunhando para seus colegas e adultos.

Numerosos exemplos destas atividades apareceram nas publicações adventistas. Os desbravadores de Chula Vista, Califórnia, distribuíram literatura adventista para o povo na sua área e participaram de esforço evangelístico na igreja. Os membros do Hapi Lanta Clube, em Atlanta, Geórgia, apareceram quatro vezes nas maiores redes de televisão de Atlanta e partilharam sua fé com as pessoas daquela cidade. Eles também visitaram os enfermos, matriculando as pessoas no Curso Bíblico por correspondência e distribuíram cestas de alimentos entre os pobres. Os desbravadores de Vermont demonstraram como a participação em atividades seculares pode influenciar alguém para tornar-se um membro da igreja. Depois de uma excursão de dois dias com alguns desbravadores de Vermont, alguns não adventistas concluíram que a Igreja Adventista deveria ser boa para unir-se. Mesmo planejando primariamente para adventistas, o clube de desbravadores aceitou uma pequena porcentagem de não adventistas e os animou a tornarem-se membros da igreja.

Quando os desbravadores saíam para partilhar sua fé, eles vestiam um uniforme verde floresta, outra marca de identificação do clube. O uniforme ajudava a manter moral entre os membros, dando-lhe um senso de pertencer a uma organização importante. Outras ocasiões, nas quais os desbravadores usavam uniformes incluíam as reuniões do clube, cerimônia de investidura e reuniões especiais da igreja.

O clube também apresentava seu programa de Campori, um acampamento patrocinado pela Associação, onde os desbravadores demonstravam técnicas de atividades ao ar livre. As unidades individuais, treinadas e equipadas para viver ao ar livre, se uniam num programa no qual se combinavam o secular e o espiritual por 3 ou 4 dias. Estas atividades ao ar livre, se uniam num programa no qual se combinavam o secular e o espiritual por 3 ou 4 dias.

A literatura do clube cita que o primeiro Campori de desbravadores aconteceu de 7 a 9 de maio de 1954, em Idyllwild, Califórnia, mas há evidências que os desbravadores no sul da Nova Inglaterra, e os seus líderes, em 1953m passaram um fim de semana em Winnekeog demonstrando técnicas de acampamento e tendo recreação.

O maior Campori realizado nos primeiros três anos de aceitação dos Camporis tomou lugar em O’neill Park, perto de Santa Ana, Califórnia, de 12 a 21 de outubro de 1956, onde 850 pessoas representavam o sul e o sudeste das Associações da Califórnia. O primeiro Campori da União ocorreu em 11 a 14 de abril de 1960, em Lone Pine, Califórnia.

A denominação começou a dar mais ênfase aos desbravadores através da celebração anual do Dia dos Desbravadores que começou em 1957. No sábado designado pela Associação Geral, usualmente o 3º ou o 4º Sábado de setembro, os desbravadores deveriam dirigir o culto divino usando o programa preparado pelo Departamento de Jovens da Associação Geral. Nesse dia, os membros do clube vestiam seus uniformes, sentavam num lugar separado para eles, e relatavam à Igreja seus objetivos e realizações. Tentando fazer a igreja consciente de sua responsabilidade para o clube, os desbravadores apelavam para novos membros e solicitavam a assistência dos adultos nas reuniões do clube.

A participação do culto dava aos desbravadores um senso de pertencer à igreja.

A expansão do programa de clube também incluía um manual especializado no estudo da natureza e vida ao ar livre. O Departamento de Jovens da Associação Geral estabeleceu comissões e pediu a vários indivíduos para prover manuscritos e fotografias. Skinner visitou os líderes dos escoteiros, e com a sua permissão selecionaram pinturas e diagramas dos seus arquivos para serem usados na preparação do manual. Lawrence Maxwell então trabalhou com o Departamento de Jovens e preparou o Guia de Acampamentos que o Departamento de Jovens publicou em 1962.

Enquanto servindo como editor do Guide, Maxwell também publicou muitos artigos sobre as atividades dos clubes de desbravadores através da América do Norte e às vezes recomendava coisas que os clubes poderiam fazer para enriquecer seus programas e assim ajudar a enfrentar as necessidades da juventude adventista. Dessa maneira, os desbravadores em Danville, Illinois, imprimiram o primeiro jornal, Novas dos Desbravadores, e construíram a primeira sede do clube em Illinois, em 1953.

Os desbravadores em Reading, Pennsylvania, dirigidos por Robert Kershner, se empenharam num fim de semana de atividades no Parque Estadual. Os membros do clube em Los Angeles e New Hampshire participaram do “Treat em lugar do trick” dos desbravadores, um projeto que Maxwell especialmente recomendara.

O programa de desbravadores beneficiava meninos e meninas em outras áreas também. Dirigidos por Neil Jones, os desbravadores de Cedaredge, Colorado, saíram em excursão para jogar. Os desbravadores de Idaho participaram no 4º Congresso de Juvenis da Associação realizado no Ginásio Gen State. O grupo do Air Capitol e a Escola de Wichita, Kansas, ganharam o primeiro prêmio na seção para juvenis de flutuação ao entrarem no concurso na Feira Anual de Salvamento.

Os desbravadores de Washington adquiriram técnicas em rádio, cestaria e fogueira. Os desbravadores de Moneton em New Brunswick cancelaram sua excursão e reuniram alimentos que deram para as famílias necessitadas que tinham pouco ou nenhum alimento para comer.

Os membros do clube reativado de Santa Ana fizeram um quadro de nós em 1954. Lawrence Maxwell começou um clube na igreja de Sligo, Takoma Park, Maryland, e levava os membros do clube para acampamentos em fins de semana duas vezes por ano.

O apelo destas variada atividades foi refletido nas estatísticas do clube. Em 1957, sete anos após ter recebido reconhecimento oficial, a América do Norte tinha 717 clubes com 14.722 desbravadores e 3.527 líderes adultos.

É bem aparente que a organização dos desbravadores estava suprindo as necessidades da juventude adventista. Mesmo que não totalmente, a sociedade dos Missionários Voluntários dirigia as atividades seculares e também meninos e meninas adventistas.

A ênfase espiritual do primeiro trabalho jovem denominacional agora se expandiu no programa geral que tenta manter os interesses das crianças da igreja.

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